Uma das mais bonitas e encantadoras fotografias que circulam pelas redes sociais no dia de hoje em que se pranteia a morte de Fidel Castro Ruz (1926-206) – é bem verdade que as hienas também estão na Savana – diz respeito a um movimento de busca de fraterno abraço entre duas figuras humanas que marcaram a história do século XX. Nelson Mandela e Fidel Castro. Ocorreu-me, então, uma beleza de historieta contada por Eduardo Galeano – uma outra obra prima desta nossa combalida humanidade – chamada “A viagem” e que pode ser lida no livro Bocas do Tempo (L&PM, 2004).
Orio Vall, que cuida dos recém-nascidos em um hospital de Barcelona, diz que o primeiro gesto humano é o abraço. Depois de sair ao mundo, no princípio de seus dias, os bebês agitam os braços, como buscando alguém.
Outros médicos, que se ocupam dos já vividos, dizem que os velhos, no final de seus dias, morrem querendo erguer os braços.
E assim são as coisas, por mais voltas que se queira dar à questão, e por mais palavras que se diga. A isso, simples assim, se reduz tudo: entre o primeiro bater de asas e o derradeiro, sem maiores explicações transcorre a viagem. (Eduardo Galeano, do livro Bocas do Tempo, LP&M, 2014, p.8).
Fidel Castro e Nelson Mandela. Fotógrafo desconhecido.
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